quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

De pólvoras e rodas


Esta semana cheguei à conclusão que eu descobri a pólvora e reinventei a roda! Descobri como funciona a imprensa e o governo no Brasil.

Nos últimos dias fui soterrado por uma avalanche de notícias bombásticas, tais como a da menina Adrielly, vítima do cruel assassinato causado por um vilão terrível: um médico que desistiu de trabalhar na rede pública e parou de ir ao hospital. Coisa terrível!
 O fato dela ter sido baleada na cabeça por um bandido não teve quase nada a ver com o fato, mas o importante é que o médico faltou...
Que a chefia e a direção sabiam, que havia um substituto que parou de ir, que os médicos estão desistindo do serviço público por conta dos péssimos salários praticados pelo estado e pela cidade do Rio de Janeiro, que a política de terceirização praticada pelo PMDB está destruindo a saúde pública, nada disso faz diferença. O problema está no médico que faltou! A TV noticiou, a mídia crucificou, o médico está fichado na polícia! Quem baleou a menina? Ninguém sabe, ninguém viu! E os culpados continuam nos seus gabinetes!

Em seguida, ocorre um caso que não chamou a atenção da opinião pública, mas me chocou! Soube dele ontem, e transcrevo aqui, seguido das minhas opiniões.
"O filho de uma empregada sofre grave acidente de moto no dia 25/01/13 (6a.feira). Socorrido pelo SAMU, foi levado para o Hospital ESTADUAL Rocha Faria que não tem neurocirurgião. 
Em 26/01/13 (Sábado) pela manhã, tentaram transferência para uma unidade que tivesse este especialista. Não havia vaga. 
Dia 27/01/13 (domingo) conseguiram vaga no Hospital Pedro II, para ser examinado por um neurocirurgião. Precisava de ambulância para a remoção. Não tinha. 
Dia 28/01/13 (2a.feira), mais um dia de angústia e sofrimento.
Dia 29/01/13 (3a.feira), o rapaz faleceu.

Dessa vez ninguém faltou ao plantão. Os ausentes continuam sendo, na minha opinião, o governador, o prefeito e seus secretários de saúde.
Por que foi levado para o Rocha Faria se lá não há neurocirurgião? O SAMU não sabe (não é informado) sobre as equipes dos hospitais públicos? E a Central de Regulação, faz o quê? Faltam vagas, mas nossos governantes fechadores/demolidores fecham hospitais, conforme aconteceu com o Instituto Estadual de Infectologia São Sebastião – o Hospital do Caju – que foi fechado e entregue à comunidade, que o invadiu e transformou em favela, e seus servidores foram transferidos para o IASERJ, reduzindo seus quase 150 leitos para pouco mais de 10. Mas nossos governantes fechadores/demolidores fecham e autorizam a demolição também do IASERJ, construído com o dinheiro dos servidores estaduais e agora entregue ao INCA.
Faltam especialistas, mas não é feito concurso público e quando há, os salários e as condições de trabalho são tão aviltantes que ninguém quer participar do concurso seletivo.
Por que a mídia não deu ênfase a este fato? Se não sabia, passou a saber quando da publicação desta carta no Globo.
Será que a imprensa vai continuar falando do Adão (médico que faltou ao plantão e por isso foi culpado pela morte de uma criança que tomou um tiro na cabeça), para encobrir a responsabilidade das COBRAS que nos governam há sete e cinco anos, governador e prefeito, respectivamente, e que não tiveram competência/vontade política para resolver a questão da saúde pública?
Aliás, por uma infeliz “coincidência”, não resolveram também a educação, habitação, saneamento, transportes públicos, fiscalização em casas de shows, boates, teatros e nem no prédio da prefeitura, etc...
O que fazem estas pessoas nos seus tronos? Pensam na Copa do Mundo, nas Olimpíadas, no enriquecimento... dos empresários. 
Pobre povo travestido de EVA em cujo mundo virtual, segundo a mídia, está no paraíso, mas que quando cai na real, se vê no purgatório, a caminho do inferno chamado Rio de Janeiro."
Ao contrário do autor do comentário, não tenho pena do povo! O povo é o responsável por cada político colocado lá!  

Logo depois acontece a tragédia em Santa Maria, já anunciada. Mais de 200 jovens mortos enquanto se divertiam, por uma série de fatos pequenos que se uniram numa grande bola de neve tóxica, negra, que entra nos pulmões e transforma aquelas pessoas com tanta vida pela frente, em meros dados estatísticos na mesa de algum político, além de virarem exemplos (positivos e negativos) em citações de várias religiões diferentes, cujos líderes tem até passaporte diplomático para espalhar por ai a palavra e a imagem do brasileiro ovelha, que só pasta e balança a cabeça enquanto geram lucros pro seu tosquiador...

Nas coincidências das histórias acima, encontro a ação (ou omissão) da imprensa, que mostra apenas o que quer, e muitas vezes distorce a palavra das pessoas para transformar o que não querem mostrar no que interessa mostrar.
Mas ainda acima de tudo, está a minha descoberta da pólvora: brasileiro não sabe votar! Porque os verdadeiros culpados de tudo acima estão confortáveis em seus apartamentos, contando suas fortunas feitas com dinheiro público alheio transportado em suas malas, cuecas, e sabe-se lá onde mais, intocados por tudo isso, enquanto nós, seres humanos normais, saímos para trabalhar, perdemos horas em engarrafamento, pagamos impostos, andamos em ruas esburacadas, andamos quilômetros sem ver policiamento, desviamos de lixo nas ruas, utilizamos serviços públicos em casos de acidentes (lembro de um certo secretario sendo levado pelos bombeiros para um hospital particular e juro que ainda não entendi isso...).
Descobrindo essa pólvora, ela explodiu e fez rolar uma roda de pedra em cima de mim, na minha segunda descoberta: infelizmente, enquanto médicos são crucificados em praça pública pela imprensa, os corruptos assumem cargos de presidência do senado, entre tantos outros que eles já assumiram! A ponto do prefeito do Rio dizer à imprensa que “nenhum governo é completamente honesto...” Se eu fosse obrigado a dizer algo semelhante, diria entre lágrimas. Ele falou sorrindo...  
Vou acabar acreditando nos milicos que disseram que um dia o povo ia pedir pra eles voltarem por poder! CREDO!!!!