É por causa do DNA???

Sou músico desde que me entendo por gente. Comecei a aprender violão ainda pequeno, vendo meu tio tocar. Ele era jogador de futebol e conhecia alguns acordes (uns 7 ou 8) e era completamente amarrado da mão direita, pois tocava qualquer música sempre com a mesma batida. Também gostava de ver meu avô tocando acordeon e cantando! Um belo dia descobri que meu outro tio, jogador profissional de futebol, realmente tocava, além de compor. Prestei atenção e aprendi tudo que pude com ele.
Mas precisei de mais! Procurei um professor de violão, mas o cara além de pentelho, ensinava por um método da época das cavernas e a música mais moderninha que eu aprendi com ele foi Ronda. Aliás, gosto muito! Mas não era o que eu queria...
Descobri perto da minha casa um cara chamado Paulo Name. Maestro. Toca muuuuuito! Comecei a aprender com ele, de uma maneira simples e intuitiva! Descobri relações matemáticas escondidas no braço do violão! Física Quântica... Segredos milenares... Sei lá...
Um dia fomos para uma apresentação e ele me colocou um baixo na mão e disse: "Faz só a tônica dos acordes e deixa o resto comigo aqui!" Foi o suficiente pra eu me apaixonar! Nunca mais larguei o baixo! E continuei com o violão porque já gostava de compor... Isso foi lá nos últimos anos da década de 70. Nessa época eu conheci o Fábio, também aluno do Paulinho. Somos grandes amigos até hoje! Sou padrinho de casamento dele e ele é meu padrinho de casamento! Ele é meu parceiro musical, divide comigo a maioria das músicas e tocamos e cantamos até hoje!
Então curtia a música com amigos, tocava nos restaurantes, escrevia alguma coisa, compunha muito, fazia shows, e fui levando assim, aprendendo pelos "bailes da vida"!
Minha mãe também gostava de cantar, mas eu realmente não gostava da forma que ela fazia isso! Achava muito "operesca"... Mas tudo bem! Ela tem uma voz linda até hoje!

Na época eu curtia automobilismo e corria escondido. Me saía muito bem, mas era um esporte caro e eu não pude mais bancar por falta de patrocínio. Isso coincidiu com o início da faculdade! Então, optei pela Medicina. Fiz os 12 períodos da faculdade em 6 anos, mas nos 9 últimos períodos, a música me ajudou a pagar a faculdade! Tocava de 3ª a domingo, as vezes voz e violão, as vezes em dupla e nos fins de semana em banda.
Eu gostava de estudar a música popular, de entender suas vertentes, etc. Mas não me aproximava muito da música erudita! Minhas principais influências eram Beatles, o Terço, Roupa Nova, Boca Livre, 14-Bis, Paralamas, Kid Abelha, Legião, Titãs, Carlos Santana, Stanley Clark, etc.
Após me formar, a Medicina começu a exigir seu preço, e meu tempo pra música ficou cada vez mais escasso. Mal falava com o Fábio e com o Paulinho. Minhas músicas ficaram engavetadas, empoeiradas, perdidas no tempo... Vez ou outra pegava o violão e tocava alguma coisa... Os dedos foram ficando duros pra tocar o baixo... Isso me matou por dentro um pouco.
Mas resolvi me "ressucitar" e de uns meses pra cá, voltei a querer cada vez mais viver com a música! Larguei alguns empregos na medicina pra ter mais tempo pra compor, estudar e tocar... E logicamente me inteirar do mercado musical, que mudou muito desde aquela época, onde eu acessava os BBS com meu modem de 300 bps. Um de 1200 era luxo desnecessário, porque nossas linhas de telefonia analógica não davam suporte a tanta velocidade... hehehehehehhe

Nesse intervalo, assisti a formação de um cenário muito doido, pelo menos de acordo com minha cabeça (que ficou preconceituosa e empoeirada pelo tempo): filhos de artistas tentando fazer sucesso na música! Quem disse que eles, por serem filhos de artistas, tinham o direito de ocupar espaço na música e tentar fazer sucesso? Se utilizando da imagem dos pais ou parentes pra tentar aparecer?
Minha primeira grande decepção: Ed Motta! Sobrinho do Tim Maia! Absurdo! O Tim era um gênio! Ele não tinha direito de fazer isso... Então ouvi o cara! E falei!! É... Tá... Ele é talentoso! Tudo bem... Muito talentoso! Caraca! O cara é um crânio!!! Genial! Talvez mais que o tio! E ainda entende de vinhos e gastronomia! Fala sério! Tá bom... Esse passa!
Depois descobri outro absurdo: Pedro Mariano! Coincidência! São dois em tantos! Pedro é extremamente talentoso! Um monstro!!!! Ai me vem Maria Rita... Nossa! Que voz! Que afinação! Que talento! Putz... Já são 3! Assim não dá!
Caramba!!! Luiza Possi! Me apaixonei! É linda e talentosa. Com dotes musicais fantásticos, um alcance vocal maravilhoso! Toca, canta, compõe... Assim não aguento! Coincidência demais...
Jay Vaquer... Caramba!!! Fantástico! E o que falar do Max Viana??? Meu Deus... É uma quantidade enooooorme de excesso de talento!
Hoje descobri, através de um video do Dudu Falcão onde ele é entrevistado pelo Paulinho Moska no programa Zoombido, que ele convivia com a música desde pequeno, ouvindo sua avó tocar piano e sua mãe tocando violão... Fala sério, né?
Na época que eu tocava na Lagoa, conheci um baterista maravilhoso, fizemos uma pequena amizade e volta e meia estávamos tocando junto. Ele num quiosque e eu em outro... Kikinho Neto. Filho do Kiko, guitarrista fantático do Roupa Nova! Tinha quintas que eu ia pra Lagoa só pra assistir o Estação Pop, a banda em que ele tocava. As vezes fazíamos Jam Sessions, juntando as bandas, sendo que na dele só tinha fera, incluindo gente do The Fevers e tudo mais! Uma vez estava tocando e quando vi, estava o Kiko de um lado e o Paulinho (vocalista do Roupa Nova) do outro! Quase morri!!!
Pois bem... A última pedra sobre essa história de filho de artista: O Kikinho, depois de largar o Estação Pop, desistiu de tocar. Mas voltou! Com a Carol Feghali (filha do Ricardo Feghali - Roupa Nova), o Beto Filho (filho do Beto Correa - Golden Boys) e Bruno Galvão (filho do Marcos Correa - Trio Esperança)! Formaram uma banda chamada DNA! Querem saber o resultado? Fácil dizer: SUCESSO ABSOLUTO!
Uma combinação fantástica de vozes bem equilibradas, arranjos bem feitos, repertório detalhado e muito bem escolhido, tudo isso associado a TALENTO, CARISMA e SIMPATIA!
Tenho ido aos shows e posso dizer com tranquilidade: cada dia estão melhores! Seguindo o exemplo dos pais...
Se querem minha humilde opinião, ai vai: DNA tem muita importância sim! Mas a convivência com o talento também! E talento pra esses que eu citei (e muitos outros que não vou citar por falta de espaço) é o que não falta!
Que eles continuem sempre nos brindando com seu talento maravilhoso!
Saúde e sucesso pra vocês!